Queridos irmãos e irmãs:
Com toda a Igreja, celebramos a solenidade do
Natal do Senhor dentro do Ano da Fé. Nesta ocasião especial, lançamos um olhar
de fé sobre o nascimento de Jesus; de fato, esse é um grande “mistério da fé”,
que acolhemos de modo humilde, reverente e agradecido.
Com Maria, renovamos nossa fé no desígnio
salvador de Deus, que quis vir ao encontro da humanidade de maneira tão
surpreendente, enviando o Filho eterno, para que nascesse humano por meio de
uma mulher; com Maria, cremos que nada é impossível a Deus, mesmo esvaziar-se
de sua glória para se submeter às condições da criatura, no tempo e no espaço.
Com São José, nós cremos que o filho nascido de
Maria não foi concebido nela por obra de homem, mas pela ação do Espírito
Santo; por isso, é o Filho do Altíssimo Deus que, por ela, nasce homem e se faz
irmão da humanidade. Com José, também cremos na misteriosa “obra do Espírito
Santo” em Maria e aprendemos a admirar e amar, tanto mais, a Mãe de Jesus
Cristo e seu esposo, São José, “homem justo”.
Acolhendo o anúncio do anjo aos pastores de
Belém, cremos que a glória de Deus, mesmo não aparecendo, está presente na
criança que nasceu de Maria, e a quem José deu o nome de Jesus; é o Filho
eterno, desde sempre unido à glória do Pai, que se faz pequenino e frágil para
estar próximo de todos e apiedar-se da frágil condição humana, solidário com
todos os que são pequeninos e não têm a glória deste mundo.
Com os pastores de Belém, admiramos a glória de
Deus que se manifestou no menino Jesus e nos alegramos com o que ouvimos e nos
foi transmitido a respeito dele, mesmo se nem sempre compreendemos tudo; com
eles, caímos de joelhos e adoramos o Menino; nele reconhecemos o Pastor dos
pastores, o Príncipe da paz; como eles, saímos a contar, cheios de fé, o que
vimos e ouvimos a respeito do Menino.
Com os reis magos, vindos do Oriente, guiados por
uma estrela, também nós nos colocamos a caminho, deixando a comodidade da
descrença e do ceticismo, e saímos à procura do Filho do Grande Rei, que nasceu
humilde. Com eles, dóceis à voz da consciência e perseverantes, seguimos
procurando até achar; com profundo reconhecimento, nos prostramos diante dele e
o adoramos; e lhe oferecemos, como homenagem, a nossa própria vida.
E pedimos que Deus nos livre de ficar
indiferentes e descrentes diante do Sublime Mistério, como tantos ficaram já
naquele tempo! E se fecharam à novidade surpreendente de Deus e nada
aproveitaram do dom de amor que Deus enviou do céu à humanidade!
Hoje, “Belém é aqui, aqui é Natal!”. Deus é
continuamente o “Deus-que-vem” ao nosso encontro, de formas surpreendentes!
Diante dele, nós acabamos tomando as mesmas atitudes dos personagens do
primeiro Natal. Cabe a nós, acolher ou fechar as portas...
Se temos fé, devemos fazer como os pastores de
Belém, que ficaram fascinados com tudo o que viram e ouviram e saíram a contar
aos outros. Nós somos as testemunhas de Deus na cidade!
Faço votos que todos tenham um santo Natal! Natal
feliz é Natal com fé. Assim poderemos alegrar-nos verdadeiramente e sentir a
paz que o Menino Jesus nos trouxe.
Arcebispo de São Paulo (SP)