José Marello: um homem de seu tempo

São José Marello foi um homem do seu tempo, pensou e sentiu e, partindo daí, viveu conforme avaliou ser necessário. Na segunda metade do século 19 o norte da Itália era uma terra difícil para quem tinha fé. A oposição aos valores religiosos e às próprias expressões religiosas era uma constante. A sociedade convivia com a religião, mas a cultura a deixava de lado, o governo não considerava seus valores e, com isso, sua expressão ia aos poucos se reduzindo aos interiores das Igrejas.
 
Uma situação difícil de entendermos hoje é que, naqueles tempos, não existia em naquela região a vida religiosa. Irmãos e Irmãs, consagrados a Deus pelos votos religiosos, simplesmente não faziam parte do panorama da Igreja. Aliás, em toda a Europa o que existia era uma oposição, se não explícita pelo menos velada a tudo o que se referia à Igreja. A efervescência do positivismo e do marxismo começava em diversos lugares e neles a posição histórica da Igreja era questionada ou ela própria era negada, quando não combatida frontalmente.

Às vezes achamos que a indiferença religiosa ou a oposição à Igreja é coisa moderna, dos nossos anos… Engano! Era naquele tempo uma realidade que fazia vítimas os que hoje também o são: as gerações mais novas. As crianças até os jovens viam os valores se diluir em mudanças sociais e novos modelos de ser e de agir. Bem como hoje, quando muitos rapazes e meninas sentem-se quase que “fora do mundo” quando tentam viver uma genuína experiência de Deus.

Padre José Marello, atento observador de sua realidade e sincero cristão, de fé clara e dedicada à vocação que recebeu, sentia estas situações e deu uma resposta que, dentro de sua realidade e possibilidades parecia ser a melhor. Com a criação dos Oblatos de São José ele tentou oferecer à Igreja de sua Diocese, Asti, uma solução. A princípio ele nem pensou em fazer uma Congregação religiosa, mas apenas reunir cristãos sinceros e fiéis para ser “oblatos”, gente que se oferece (este é o sentido da palavra “oblato”) para o serviço em nome de Deus na Igreja. Onde e como for necessário.

Eles se aplicaram primeiramente à formação cristã dos operários, depois à educação e catequização de crianças e jovens e, logo a seguir, ao atendimento aos enfermos e idosos abandonados. Na realidade eles se dedicaram às necessidades mais urgentes, às pessoas das quais ninguém se lembrava e que, na sociedade, incomodam pois são um obstáculo.

Hoje também temos situações semelhantes àquelas, talvez mais desafiadoras e com uma amplitude maior, mas são muito próximas das que viveu Padre Marello.

Por Pe. Mauro Negro, OSJ em santuariosaojose.com.br